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segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Última algoz de Ronda, ex-judoca foge dos holofotes e minimiza vitória suada

Holandesa Edith Bosch não vê tanta importância no "título" de última mulher a ter batido a campeã peso-galo do Ultimate e diz: "Não sentia a rivalidade que ela sentia"



É difícil se lembrar da última derrota de Ronda Rousey. No MMA, a tarefa é impossível. Desde março de 2011, quando estreou no esporte com uma chave de braço na brasileira Ediane Índia, a americana acumulou 12 vitórias e conquistou o posto de maior estrela do UFC. Contudo, três anos antes, ainda no judô, Edith Bosch escreveu o nome na história dos Jogos Olímpicos ao bater "Rowdy" em uma luta marcante e polêmica em Pequim, na China, decidida nos instantes finais do "Golden Score" (confira o desfecho da luta no vídeo acima).
Em contato com o Combate.com, a última algoz da campeã peso-galo do Ultimate demonstrou muito respeito ao caminho traçado por Ronda na carreira. Com muita humildade, a ex-judoca prefere deixar os holofotes virados para a estrela feminina da atualidade.
- Eu acho que toda a atenção deve ir para Ronda e as coisas boas que ela está fazendo, e não para a última garota que a derrotou.
TRILOGIA: GOLPES ILEGAIS E REDENÇÃO

Edith Bosch vence Ronda Rousey em Pequim-2008 (Foto: AFP)
Ainda criança, Edith Bosch impressionava em participações em torneios de judô juvenis. O desempenho levou a holandesa a estrear profissionalmente em um Mundial aos 17 anos, mesma idade que, sete anos mais tarde, Ronda faria sua primeira participação nos Jogos Olímpicos. Porém, o destino cruzou o caminho das atletas um ano antes de Pequim, criando uma rivalidade no tatame.
Em agosto de 2007, "Rowdy" e Bosch se enfrentaram pela primeira na segunda fase do Aberto da Alemanha, em Brunsvique. O "primeiro capítulo" do duelo teve final feliz para a americana. Com uma chave de braço ilegal no judô (hoje golpe mortal de Ronda no MMA), a holandesa foi desclassificada da competição - Rousey ficou com o bronze na categoria até 70kg.
Um mês depois, no Mundial sediado no Rio de Janeiro, o confronto aconteceu na semifinal e o roteiro foi semelhante: Bosch aplicou o mesmo golpe ilegal, mas, nesta oportunidade, o juiz não parou a luta. Mesmo com dores, Ronda passou pela adversária e levou a medalha de prata. Com duas derrotas entaladas na garganta, Edith Bosch desembarcou em Pequim para a terceira participação em Olimpíadas.
Edith Bosch judô Olimpíadas (Foto: AFP)
Em busca do primeiro ouro - estreou em Sidney 2000 e foi prata em Atenas 2004 -, encontrou novamente Ronda Rousey pelo caminho. Nas quartas-de-final, uma luta para entrar para história. Empate nos cinco minutos regulamentares e emoção no Golden Score.
Ronda tomou a atitude, foi para cima da holandesa e o desfecho foi épico. "Rowdy" tentou a queda na holandesa, mas sofreu o contragolpe no ar. Sem perceber o movimento da adversária, a americana levantou comemorando o que seria a terceira vitória no confronto particular, mas ficou atônita ao ver o árbitro principal apontar Bosch como vencedora. A reação é emblemática. No aperto de mãos ao fim da luta, Ronda parecia não acreditar na derrota. (veja no vídeo acima a reação da americana).
Ronda Rousey Edith Bosch gráfico comparativo (Foto: Combate.com)
Bosch e Ronda deixaram Pequim com o bronze - no judô, duas atletas são premiadas como terceiro lugar. Aos 19 anos, Rousey, mesmo com a decepção nas quartas, fez história e se tornou a primeira americana a conquistar uma medalha olímpica desde a inclusão do esporte, em 1992.
FUTUROS DISTINTOS: APOSENTADORIA X ESTRELATO

Bosch ainda teve fôlego para buscar outro terceiro lugar em Londres, quatro anos mais tarde. Em 2013, aos 33 anos, decidiu "pendurar o quimono", terminando uma carreira com inúmeras conquistas. Ronda seguiu outro caminho e não deve se arrepender da decisão. Após a frustração em Pequim, a americana disputou mais uma competição oficial de judô e migrou para o MMA em 2010, onde começou como amadora e, anos mais tarde, conseguiu - e ainda consegue - impressionar o mundo com o domínio no octógono.
Ronda Rousey UFC (Foto: Getty Images)
Mesmo com as batalhas contra Ronda Rousey no tatame, Bosch acredita que a rivalidade era alimentada apenas por parte da americana. Nas lembranças da holandesa, "Rowdy", a quem define como "superstar" no MMA, foi apenas mais uma no caminho das conquistas olímpicas.
- Eu não acho que devo falar sobre Ronda (Rousey). Primeiro, porque ela não é uma grande parte da minha carreira. Segundo, porque eu não senti a rivalidade que ela sentia. Ela é uma das muitas garotas que eu precisei derrotar para ganhar uma medalha olímpica. Eu consegui, e depois disso ela construiu uma grande carreira no MMA e é uma superstar.
Porém, mesmo aposentada e com a americana no auge, Edith Bosch é ousada ao imaginar um possível reencontro entre as lutadoras. Em entrevista ao site "Owned Sports", a holandesa afirmou que Ronda jamais conseguiria encaixar a temida chave de braço em uma luta de judô.
- Se nos enfrentássemos no MMA, acredito que ela teria uma chance de me pegar na chave de braço, por causa do estilo de luta dela. Mas se fizermos isso nas regras do judô, eu sei o que estou fazendo, e ela nunca me pegaria com uma chave de braço. De jeito nenhum.
Ronda Rousey defende o cinturão peso-galo do UFC contra Holly Holm no próximo sábado, no UFC 193, em Melbourne, Austrália. O Combate transmite ao vivo com exclusividade.
* Estagiário, sob supervisão de Adriano Albuquerque

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