Líder da Kings MMA e único treinador atualmente com dois campeões no UFC lembra dificuldades de treinamento antes de lutas pelo título contra Pettis e Cain Velásquez
Único treinador com dois campeões atualmente no UFC, Rafael Cordeiro tem longa história nas artes marciais mistas. Cria da Chute Boxe, tradicional equipe de MMA e que revelou nomes como Wanderlei Silva e Maurício Shogun, o técnico é responsável direto pelos cinturões de Rafael dos Anjos, nos pesos-leves, e Fabricio Werdum, nos pesos-pesados. O ex-lutador se reuniu com os dois pupilos e revelou no Sensei Combate que boa parte do sucesso dentro do octógono começa com bem antes do início do duelo.
- Tudo o que é passado no vestiário, cinco, dez minutos antes da luta, o atleta vai levar para dentro do octógono. A mente absorve aquele restinho e é onde a gente se prende para que o resultado aconteça. Imagina preparar alguém para enfrentar o Cain Velásquez, que tem uma história impressionante no MMA. Então, tenho que ressaltar o que o Werdum fez para bater esse lutador impressionante. Assim, não posso estabelecer o que o adversário tem de melhor, mas sim, o que o nosso atleta tem condição de fazer para conseguir a vitória. Me interessa deixar a energia deles segura. Falo sempre que temos de nos cercar de pessoas que vão passar energia positiva - disse Cordeiro, que completou em seguida usando a luta nos leves como exemplo.
- Ninguém imaginava que o Rafa (Rafael dos Anjos) fosse dominar o campeão (Anthony Pettis) cinco rounds como aconteceu. Na história do UFC, nunca houve um domínio tão grande de um desafiante sobre um campeão. E isso não aconteceu por mim, mas porque ele estava com uma confiança tão grande que ele já se via campeão, antes da luta acontecer. E acho que esse é um fator primordial para você criar um campeão - concluiu.
Rafael Cordeiro ainda relembrou que os meses que antecederam os combates pelo cinturão, tanto na divisão até 70kg quanto na categoria até 120kg, foram de apreensão na Kings MMA. O treinador, entretanto, com a calma que lhe é característica, explicou qual a estratégia usada para que o título de melhor do mundo nas artes marciais mistas ficasse no Brasil.
- Antes da luta contra o Pettis, o Rafael ficou um mês sem poder chutar por causa de uma lesão. Então, a gente fez com que todos os sparrings dele virassem lutadores de taekwondo e o Rafa respondesse com boxe, guardando o "pontapé" para a hora da luta. Dessa maneira, o Rafa foi dar o primeiro chute dele, em um mês e meio, dentro da luta pelo cinturão, no octógono, em cima do Pettis, que é um especialista em chutes - comentou.
No caso de Fabrício Werdum, a dificuldade foi uma inflamação na membrana do ouvido que impedia que o lutador fizesse sparring no chão e em pé. Dessa maneira, dois meses antes da luta contra Cain Velásquez, no México, Rafael Cordeiro decidiu viajar bem antes para o local da luta e antecipar a preparação já na Cidade do México.
- Como vou preparar um atleta para enfrentar o Cain Velásquez sem fazer sparring? Olha o pepino que caiu na minha mão. O Werdum ficou um mês sem treinar contato, viajamos para o México e o primeiro sparring foi lá. Teve um momento em que falei com o Werdum para cancelar a luta, jogar mais para frente, para você estar 100% firme. Mas ele não quis, garantiu estar bem e, no México, quando começaram os sparrings, nocauteou todo mundo e se tornou o campeão - explicou Rafael Cordeiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário