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terça-feira, 19 de abril de 2016

Mutante exalta trabalho mental e diz: "Bom sentir o sabor da vitória de novo"

Brasileiro vinha de duas derrotas seguidas, mas, no último sábado, bateu Oluwale Bamgbose. Peso-médio também destaca nascimento da filha Gabriela, de 2 meses

A corda estava no pescoço, mas Cezar Mutante soube se virar em seu momento mais difícil desde que chegou no Ultimate. Vindo de duas derrotas consecutivas e ciente de que uma terceira provavelmente causaria a sua demissão, o brasileiro enfrentou o perigoso Oluwale Bamgbose e, atuando com inteligência, soube sair de uma situação ruim no começo do combate para vencer por decisão unânime no último sábado, no "UFC: Teixeira x Evans", em Tampa (EUA).
- Foi uma boa luta. O Bamgbose era um cara muito duro, dá para ver pelo histórico, nunca tinha lutado três rounds. Tinha lutado apenas 13 minutos na carreira toda, nocauteou quase todos no primeiro round. Tomei uma pressão no começo, mas mantive a calma e consegui virar o jogo. A estratégia era não trocar, esperar ele errar e pegar. Consegui cumprir o que foi programado durante os treinos. É muito bom sentir o sabor da vitória novamente. Desde que fiz minha cirurgia, tentei lutar e não ganhei nada. Estou muito feliz e curtindo bastante este momento - afirmou, em entrevista ao Combate.com.
Cezar Mutante x Oluwale Bamgbose (Foto: Getty Images)
A pressão por vitória, velha conhecida dos atletas do UFC, não tornou-se um empecilho para Mutante. Segundo ele, o motivo foi o trabalho psicológico que fez na preparação para este duelo. Nem o knockdown sofrido no primeiro round mexeu com a sua cabeça. E o poder de nocaute do nigeriano não chegou a ser temido, apesar de nas duas derrotas anteriores ter "apagado" ao ser nocauteado. Para o brasileiro, isso aconteceu por mérito dos rivais (Jorge Masvidal e Sam Alvey).
- Não me preocupou em nada. Me resolvi muito bem a respeito disso. Fiz um treinamento psicológico e mental muito forte com o doutor Othon, chamado "coach 3D". Ele me preparou psicologicamente para a aguentar pressão, porque as pessoas iriam colocar pressão. Foram perguntas, o evento pressiona, poderia tomar pressão na luta, acontecer algo. Estava preparado. Tomei knockdown no primeiro round, caí por baixo, mas é impressionante como esse trabalho foi um diferencial. Então isso me ajudou bastante a não pensar nessas coisas. Revi as outras lutas e tomei dois golpes encaixados. Nem elefante fica em pé quando o golpe entra encaixado. Fui livre de pressão. Todos falavam, mas isso é uma coisa que as pessoas tentam colocar nas costas da gente. Tudo na vida tem pressão. Eu vivi isso aí, não foi a primeira vez que estava sob pressão de ganhar. Vim do TUF, que é pressão o tempo todo. Pressão de ganhar para entrar na casa, ganhar para seguir na casa e ganhar para ser campeão - explicou.
Cezar Mutante e filha Gabriela MMA UFC (Foto: Arquivo Pessoal)
Outra grande motivação para Cezar Mutante foi o nascimento de sua segunda filha, Gabriela, de dois meses. O peso-médio também é pai de Yara, oito anos, e quer voltar a lutar o quanto antes.
- Filho é uma bênção na vida da gente, dá sempre uma motivação a mais para trabalhar, correr atrás. Todo pai quer dar o melhor para os seus filhos. Então, com a vinda da Gabriela, foi uma inspiração a mais para levantar cedo e treinar, mesmo cansado. Foi uma grande inspiração. Agora quero voltar a lutar assim que puder. Desde que entrei no UFC, quando ganhei o TUF, nunca consegui fazer mais de duas lutas por ano. Passei por uma maré de lesões, operei os dois joelhos, a coluna, então quero lutar o máximo que puder. Estou saudável, não estou machucado, vou curtir a família e, semana que vem, volto aos treinos.
EQUIPE NOVA, TREINAMENTO NOVO
Para encarar Bamgbose, Cezar Mutante deixou a sua antiga equipe, Blackzilians, e foi para a MMA Masters. Na opinião dele, a mudança na forma de treinar para uma luta foi fundamental para evoluir e traçar a melhor estratégia. Mesmo deixando claro que não saiu brigado do ex-time, ele deixou claro que a maior atenção recebida em sua atual academia foi importante para que saísse com a vitória no último sábado.
- Acho que a Blackzilians foi um excelente time onde passei, aprendi muita coisa. Como falei, não saí brigado, sou amigo de todo mundo, mas o que mudou é que, na MMA Masters, encontrei um trabalho mais personalizado. A maioria dos grandes times têm muitos cascas-grossas no tatame. Não faz sentido treinar só coletivo, já que o MMA é individual. Não pode 80% do teu treino ser coletivo. Tem que ser o contrário, 80% individual, estimulando suas habilidades e focado no adversário. Isso encontrei lá. Treino individual. Tem treino de grupo, ótimos parceiros de treinos, mas fazem questão de pegar as fraquezas da gente e trabalhar. Fiz muita escolinha de jiu-jítsu de novo. Coisa de faixa-branca mesmo, chave de braço, fuga de quadril, e é isso que funciona na luta. A MMA Masters também fez um grande trabalho comigo. Montaram uma estratégia excelente, e segui o cronograma à risca. Todos me questionaram porque não passei a guarda e tentei pegar. Não é jiu-jítsu, é MMA, eu estava confortável na guarda dele. O treinador falou para eu não passar a guarda por nada. Era para bater com o cotovelo, amassar e não passar. Quando tentei passar, ele gritou para eu voltar. Não podia correr o risco de perder posição - finalizou.

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