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terça-feira, 5 de julho de 2016

Alvarez elogia Rafael dos Anjos, mas frisa: "Vejo fraquezas no jogo dele"

Ex-campeão do Bellator, que desafia cinturão do peso-leve do Ultimate, cujo dono é 
o brasileiro, declara que constante mudança na posse dos títulos do evento o motiva


Eddie Alvarez UFC (Foto: Evelyn Rodrigues)
A superioridade demonstrada contra seus adversários, desde que tomou o cinturão de Anthony Pettis, em março do ano passado, coloca Rafael dos Anjos, campeão peso-leve do Ultimate, dentre os atletas mais dominantes da organização. Nesta quinta-feira, o brasileiro defende o título contra Eddie Alvarez, em Las Vegas, e, embora o americano o elogie, afirma que enxerga brechas capazes de derrubar o atleta da Kings MMA do topo.
Em entrevista exclusiva aoCombate.com, Alvarez, ex-campeão do Bellator, fala com a confiança de quem acredita que poderá destronar o brasileiro, algo que nenhum oponente conseguiu recentemente, a exceção de Khabib Nurmagomedov, na época em que o niteroiense ainda era desafiante.
- O Rafael dos Anjos é muito bom em tudo. Ele é um grande competidor, fez coisas incríveis na categoria, mas eu vejo fraquezas no jogo dele, buracos. Vou fazer tudo o que puder para explorá-los e fazer dessa a minha luta, em que eu serei o cara dominante, o campeão e o chefe.
Em bate-papo descontraído, Alvarez fala ainda dos treinamentos para o confronto, da importância da família, dentre outros assuntos. 
Confira abaixo:
Você nunca esteve tão perto do título do Ultimate. Como está se sentindo? 
Eu penso nesse dia há muito tempo. Eu luto há 13 anos e há dez anos eu tive a chance de ir para a casa do TUF 2 e não consegui. Por alguma razão nunca entrei na casa. Onze anos depois, estou aqui disputando o título mundial. Algumas coisas não deram certo na época, e eu fiquei triste, mas eu fui paciente, esperei minha vez, continuei meu trabalho duro e agora é a minha vez de conquistar o título mundial. 
O Dana costuma dizer que mesmo os lutadores que não entram na casa estarão no UFC algum dia. Isso serviu de lição? 

Sim, é muito verdade. É uma evidência de que o seu dia chegará quando for a sua vez. Você não pode forçar nada. Para mim sempre foi uma maratona, nunca uma corrida curta. Eu nunca tive pressa de chegar a lugar nenhum. Eu amo o meu esporte, amo o que eu faço, amo o crescimento que tive desde então e agora chegou a hora de conquistar o título mundial. 
Eu nunca tive pressa de chegar a lugar nenhum. Eu amo o meu esporte, amo o que eu faço, amo o crescimento que tive desde então e agora chegou a hora de conquistar o título mundial
Eddie Alvarez
Você treinou com um brasileiro, que é o Edson Barboza que atua este mês, em Chicago, e também com o Frankie Edgar, que disputa o título no UFC 200. Como é ter a ajuda de importantes parceiros de equipe? 

Meus parceiros me tornaram a pessoa que eu sou. Se eles estiverem com pouca energia e sem competitividade, eu não posso fazer o mesmo. Eu me alimento da energia e da competitividade deles. Então, ter Marlon Moraes, Edson Barboza, Frankie Edgar e todos os outros caras e técnicos que a gente teve fazem com que tenhamos uma performance fenomenal. Frankie, Edson, Marlon e eu somos campeões e nos esforçamos muito. 
Como enxerga essa troca de campeões no UFC? Acha que isso deixa os desafiantes mais motivados? 
Com certeza. Uma coisa é você pensar que pode ganhar do campeão, mas quando você vê acontecendo repetidas vezes, percebe que é uma coisa real, vira mais factual e você entende que tudo pode acontecer a qualquer momento. 
Todo mundo estava curioso com as 150 sessões de sparrings que você disse ter feito. Fale mais sobre elas. 
Faço bem mais que 150 sessões de sparring. Acho que estamos junto há mais de 12 semanas e fizemos entre 15 e 20 rounds de sparring por semana. Era a demanda que a gente teve para aperfeiçoar os movimentos que farei dentro do octógono. É assim que a gente se prepara.
O Dana tem pedido para os lutadores fazerem menos sparrings e temos lutadores que pensam que menos sparrings significam menos lesões. Você não concorda com isso, né? 
Não, eu não acredito em treinos demais. Pessoas que lutam, não necessariamente gostam de lutar. Existem muitos caras que lutam pelos motivos errados, gostam de dinheiro, atenção e tudo o que vem incluído, mas eles não gostam de lutar. Eles odeiam estar em uma luta. Os caras que eu treino não são assim. Nós realmente amamos lutar. Tudo o que vem com a luta é só um algo a mais. O real valor é a alegria de estar em uma luta.
Considera essa a maior luta da sua carreira? 
Com certeza. Essa é a maior luta da minha carreira. Essa é pelo título do peso-leve, é para tudo que eu treinei a minha vida inteira. Antes de eu começar a lutar eu fazia wrestling, antes disso eu boxeava. Eu treino para esse momento desde que eu tenho sete, oito anos. 
Você estava dando um conselho para o Dos Anjos não ser tão agressivo. Acha que isso pode te ajudar? 
Eu o avisei para não ser tão agressivo, pois, algumas vezes, quando eu contra-ataco não costuma ser bom para os meus adversários. Então, algumas vezes, é bom o cara ir com calma, trabalhar para conseguir chegar e não ir tão rápido e tão forte. Se você liberar esse cão em mim cedo, pode ser ruim, e muitas vezes é ruim para o meu adversário. É só um aviso que, se isso acontecer, a luta pode ter um fim mágico. 
Falando um pouco mais sobre o seu adversário. Ano passado tinha muita gente falando que as habilidades dele na trocação melhoraram. Concorda com isso? 
Acho que sua luta em pé tem melhorado. Independentemente da trocação dele, todo adversário é diferente. Eu não olho só para a trocação dele, para as lutas dele e digo: "Uau, ele é demais". É um diferente estilo de luta. Eu não sou Anthony Pettis, Donald Cerrone e ninguém que ele tenha lutado. Eu sou Eddie Alvarez, alguém completamente diferente e ele só vai poder perceber isso quando estiver dentro do octógono. 
Qual é a importância da sua família na sua vida? 
Família é tudo. Minha vida é lutar. Eu ganhei uma grande quantia de dinheiro e eu, meus filhos e minha mulher fazemos coisas legais com ele. Eu gosto de gastar o dinheiro com viagem e passar um tempo com meus filhos. Sem eles, nada mais importa. Eles me apoiam totalmente na minha jornada de ser o melhor do mundo e eu os apoio de volta. Eu mal posso esperar para ganhar o cinturão na quinta-feira e ter todo mundo junto de novo. Minha mulher virá, eu não trago as crianças para Las Vegas, mas todos estarão assistindo. 
Encarada Rafael dos Anjos Eddie Alvarez UFC 200 (Foto: Evelyn Rodrigues)

Está planejando alguma comemoração especial com a família ou algo assim, caso fature o título? 

Quando eu chegar em casa vamos ter quatro dias para arrumar as malas e iremos para a costa de Jersey ficar lá por um tempo. Somos muito espontâneos, quase um circo itinerante. Todos os seis arrumamos as malas, entramos no carro e vamos. A gente tenta não planejar muito. Eu gosto de ser espontâneo, gosto de dizer: "Ei, vamos ficar aqui, vamos ficar ali". As crianças gostam, eu e minha esposa gostamos, então é muito bom. 
Você é um cara supersticioso? 
Não. Sou bem preto no branco. Eu rezo a Deus, não por uma vitória, mas para que ele me guarde e guarde o meu adversário, que eu lute bem, que o público goste e vou em frente. 
Tem alguma coisa que você gosta de fazer antes de uma luta? 
Normalmente quando eu estou no vestiário, luto no fim, então não gosto muito de sentar lá e ouvir as pessoas gritando e olhando os caras entrando machucados. Geralmente, eu durmo. E na hora de ficar pronto eu escuto músicas antigas, como Motown, Ray Charles e Ottis Reading, eu amo esses caras para me empolgar para a luta. 
Como termina a luta na quinta-feira? 
Eu penso em ter a minha mão levantada e acho que vou estar cumprindo o que prometi para um monte de gente. Para todos que disseram que eu não conseguiria, vou dizer: "Eu avisei". Vai ser um "Eu avisei" para todos os que me odeiam e uma promessa cumprida para os que me apoiam. 

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